quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sexo para consumo


Nos últimos dias, toda a imprensa noticiou e comentou casos de violência sexual que envolveram adolescentes e jovens e estavam ligados às chamadas "pulseirinhas do sexo". São pulseiras de plásticos de todas as cores, bem baratas, que passaram a funcionar como um código ligado à vida sexual.

Cada cor tem o objetivo de enviar um tipo de mensagem erótica a quem tem a chave para decifrar o segredo. Assim, quem usa a pulseira amarela pede ou está disposta a um beijo, quem usa a roxa já avisa que o beijo é de língua e assim sucessivamente.Entretanto, nem todos os que usam as pulseiras fazem parte do grupo que conhece e usa o código. Crianças dos dois sexos foram seduzidas pelo enfeite acessível e elas estão nos braços de um número enorme de crianças e adolescentes só para sinalizar que eles estão atentos à moda.

Muitos adultos já conheciam esse código e passaram a vetar o uso das pulseiras aos seus filhos ou alunos. Agora, depois dos incidentes violentos noticiados, já há até políticos com propostas para tornar lei a proibição do comércio das tais pulseiras.

Mas será que isso resolve o problema, ou melhor, será que as pulseiras é que são o problema?

Para pensar a respeito, vamos considerar uma reportagem publicada no Folhateen com o título "Faturando com sensualidade". Num suplemento dirigido ao jovem, a reportagem informa que mulheres de 19 a 26 anos usam o sexo para ganhar dinheiro.Bem, então a questão não são as pulseiras nem a internet, usada como veículo por várias dessas mulheres. Precisamos pensar é nos conceitos que envolvem a sexualidade que temos passado aos mais novos.

Não temos tido cuidado algum quando se trata de educação ou orientação sexual aos mais novos. A própria reportagem citada pode ser lida por adolescentes como uma boa dica para ganhar dinheiro.

Desde que o tema sexo deixou de ser tabu, parece que deixou de ser tarefa dos pais e da escola a formação educativa dos mais novos em relação ao tema. Mas o que não nos lembramos é que essa formação ocorre de qualquer maneira e, na ausência de uma prática educativa responsável e crítica, os jovens se formam com o que está disponível a eles: material na internet, peças publicitárias, exploração do tema em revistas e programas de TV etc.

Muitos pais não querem ser vistos como "caretas" pelos filhos e, por conta disso, deixam de moralizar a questão, mesmo quando pensam que deveriam fazer isso. Escolas não assumem a responsabilidade, principalmente porque não sabem como elaborar e colocar em prática um projeto responsável de educação sexual.

E por causa de nossa omissão o sexo passou a ser visto pelos jovens e por muitas crianças apenas como mais um item de consumo na vida. Vejam só: pais permitem que seus filhos, considerados "pré-adolescentes", mas que ainda são crianças, namorem, por exemplo.

Vamos proibir o uso de pulseiras ou encarar nossa responsabilidade com a educação sexual de crianças e jovens?

Categoria: Folha Equilíbrio
Escrito por Rosely Sayão às 21h30

quarta-feira, 7 de abril de 2010

I SEMANA DA DIVERSIDADE SEXUAL DA UFV Construindo diálogos e estabelecendo o respeito


10 a 14 de maio de 2010

Viçosa, Minas Gerais

Campus da Universidade Federal de Viçosa

APRESENTAÇÃO

Entre os dias 10 e 14 de maio de 2010 a Universidade Federal de Viçosa sediará a I Semana da Diversidade Sexual da UFV, uma proposta do grupo de diversidade sexual Primavera Nos Dentes e parceiros. O evento propõe a abertura de um diálogo com toda a comunidade universitária - estudantes, corpo docente e administração -, bem como com a comunidade viçosense, sobre o respeito à diversidade sexual e o combate à homofobia – discriminação contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Para a efetivação deste diálogo, a comissão organizadora propõe uma programação com painéis, mini-cursos e mostra de filmes, de forma a viabilizar a produção e difusão do conhecimento acerca da diversidade de manifestações possíveis no campo da sexualidade e o questionamento das práticas e conceitos calcados na heteronormatividade.

JUSTIFICATIVA

Elemento de marcada presença em nossas relações sociais, o preconceito se configura enquanto um reflexo de pesadas cargas valorativas que nos são impostas desde o dia em que nascemos. Os vários grupos oprimidos pela discriminação - mulheres, negros, homossexuais - são sujeitados dia-a-dia a situações de inferiorização, chacota e até mesmo grave violência. Contudo, não é difícil reconhecer que a minoria homossexual é a principal vítima dessa intolerância. De acordo com Luiz Mott, antropólogo e referência no Movimento Gay, “no Brasil, por conta da homofobia, a cada dois dias, ocorre um bárbaro assassinato de um gay, ou de um travesti, ou de uma lésbica”.

A Universidade enquanto espaço destinado à socialização do conhecimento e instigação do senso crítico deveria servir não só para o acúmulo de técnica profissional, mas também para a formação de um cidadão com embasamento humanístico. Todavia, o que encontramos é uma reprodução do pensamento heteronormativo vigente na sociedade. A falta de discussões e proposições acerca da inclusão do cidadão LGBT – lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros - é latente, manifestando-se na forma da omissão acerca da homofobia existente nas salas de aula, alojamentos, espaços administrativos e de integração do estudante universitário.

Na Universidade Federal de Viçosa, por exemplo, não existem disciplinas que incluam nas suas ementas discussões sobre diversidade sexual ou sobre a imposição da heteronormatividade, nem tampouco existe prioridade na construção de espaços extraclasse que tratem da temática. A conseqüência disso é imensurável. Moradores de alojamento relatam casos de expulsão de colegas de quarto devido à sua orientação sexual, bem como de estudantes que não conseguem encontrar um quarto para morar, pois a heterossexualidade é colocada como condição desde o momento da entrevista feita pelos outros moradores. O antropólogo e representante do Movimento LGBT Luiz Mott relatou um caso quando, em 1999, um estudante homossexual e deficiente físico da UFV foi espancado por um colega universitário. O documentário “Confissões de uma máscara”, do jornalista formado na UFV Wellington Gonzaga, filmado em 2007, nos mostra o depoimento de uma lésbica viçosense que diz ter sido espancada por um grupo de homofóbicos no estacionamento do PVB, durante a Nico Lopes. Mais recentemente, durante a Marcha Nico Lopes de 2009, assistimos a uma bandeira do Orgulho Gay ser queimada sob dizeres homofóbicos, como “aqui não é lugar de veado” e “a Nico Lopes não é parada gay”.

A I Semana da Diversidade Sexual da UFV surge em um momento de abertura das universidades federais para o debate LGBT, dada a importância da coibição das manifestações homofóbicas dentro do seio universitário. Ao passo em que Viçosa se prepara para sediar sua primeira semana sobre o tema, outras universidades já comemoram o êxito de sucessivas edições de semanas acadêmicas LGBT, dentre as quais a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal de Goiás, a Universidade Federal de Pernambuco, dentre outras.

OBJETIVO GERAL

Fomentar a discussão, dentro do seio acadêmico, da promoção da diversidade sexual e do combate à homofobia, coibindo a reafirmação do preconceito e a materialização de atos homofóbicos dentro da Universidade Federal de Viçosa.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Estabelecer um espaço onde a comunidade LGBT universitária possa se sentir contemplada no que tange à assistência psico-social e estudantil;

- Criar as bases necessárias para que a diversidade sexual seja pautada pela Administração universitária, bem como pelos diversos grupos organizados dentro da UFV;

- Propiciar à comunidade universitária o vislumbramento de caminhos para a pesquisa e a extensão no campo da sexualidade;

- Incentivar a criação e apoiar o fortalecimento de grupos de estudo e ativismo/militância de diversidade sexual no meio universitário;

- Dar visibilidade dentro da Universidade às diversas manifestações da sexualidade.

O PROPONENTE

O grupo de diversidade sexual Primavera Nos Dentes nasceu a partir da necessidade de inserção do debate homossexual na comunidade universitária e viçosense. Esse coletivo é fruto da reflexão de indivíduos que, sentindo a opressão colocada pela “normalidade heterossexual”, tomam pra si a responsabilidade de escancarar o debate LGBT através da organização desse grupo social e da realização de eventos próprios e com parceiros.

Com reuniões formativas constantes desde o início de 2008, o Primavera Nos Dentes já foi responsável pela organização de oficinas e mostras de filme sobre diversidade sexual e homofobia para variados grupos da UFV e também pela realização do I Seminário LGBT da UFV, em abril de 2009, amplamente divulgado pela imprensa local. Em parceria com a Marcha Mundial das Mulheres, construiu o seminário “Elas – Rompendo com a invisibilidade e o preconceito”, quando se discutiu junto à comunidade universitária o protagonismo feminino e a lesbianidade. O grupo também foi responsável, em conjunto com a Revista Contemporâneos, pelo evento “Diversidade sexual, nazismo e homofobia: caminhos de um debate”, reunindo pesquisadores acadêmicos e estudantes em torno deste debate. Nas duas últimas edições da Marcha Nico Lopes, organizou o bloco “Viçosa grita contra a homofobia”, trazendo visibilidade à causa LGBT.

O grupo de diversidade sexual da UFV se encaixa num contexto de apropriação da academia pelas pautas do Movimento LGBT, já representado em universidades país afora, como a UFMG (grupo GUDDS!), UFG (grupo Colcha de Retalhos), UFPA (grupo Orquídeas), USP (grupo Prisma), UFRRJ (grupo Pontes), UFES (grupo Plur@l), dentre outros.

Recentemente, o grupo de diversidade sexual Primavera Nos Dentes passou a compor a Comissão Nacional do ENUDS (Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual), enquanto representante do estado de Minas Gerais. O ENUDS se configura enquanto maior fórum de articulação universitária em torno da temática LGBT


Mini-cursos (A confirmar)

- CORPO E SEXUALIDADE

- IDENTIDADE SEXUAL

- SAÚDE E SEXUALIDADE

- RELAÇÕES DE GÊNERO NO CAMPO

- DIREITO E LEGISLAÇÃO LGBT

- HOMOFOBIA NAS ESCOLAS

- GÊNERO

Painéis

UNIVERSIDADE E DIVERSIDADE SEXUAL

- Nome: “A UFV fora do armário: o papel da Universidade no combate à homofobia”

- Painelista:

  • Marco Aurélio Máximo Prado – Doutor em Psicologia Social pela PUC-SP e Coordenador do Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos e Cidadania LGBT da Universidade Federal de Minas Gerais (NuH/UFMG).

RELIGIÃO E HOMOSSEXUALIDADE

- Nome: “Religião e homossexualidade: os caminhos para o diálogo”

- Painelistas:

  • Valéria Melki Busin – Católicas pelo Direito de Decidir
  • Espírita
  • Evangélico

PSICOLOGIA E HOMOSSEXUALIDADE

- Nome: “Orientação sexual e identidade de gênero: Freud explica?”

- Painelistas:

  • Eduardo Simonini Lopes – Professor da UFV, Departamento de Educação.
  • Anna Cláudia Eutrópio Batista D’andréa – Professora na Univiçosa na área de Psicologia Social.

MOVIMENTO LGBT UNIVERSITÁRIO

- Nome: “Juventude e Diversidade Sexual: novos desafios para o Movimento Estudantil”

- Painelista:

  • Rídina Motta – Diretora LGBT da União Nacional dos Estudantes


PROGRAMAÇÃO


1º dia

SEG – 10/05

2º dia

TER – 11/05

3º dia

QUA –12/05

08:00

Mini-cursos

Mini-cursos

Mini-cursos

10:00

Mini-cursos

Mini-cursos

Mini-cursos

12:30

Apresentação cultural – Barzinho DCE

Mostra de curtas – Barzinho DCE

Apresentação cultural – Barzinho DCE

14:00

Filme – Cine Carcará

Filme – Cine Carcará

Filme – Cine Carcará

16:00

Mini-cursos

Mini-cursos

Mini-cursos

18:30

Abertura / Universidade e diversidade sexual

Psicologia e Homossexualidade

Religião e Homossexualidade


4º dia

QUI – 13/05

5º dia

SEX – 14/05

Mini-cursos

Mini-cursos

Mini-cursos

Mini-cursos

Mostra de curtas – Barzinho DCE

Apresentação cultural - Barzinho DCE

Filme – Cine Carcará

Filme – Cine Carcará

Mini-cursos

Mini-cursos

Movimento LGBT Universitário



Dia 17 de maio é dia Internacional contra Homofobia.

Veja abaixo as leis estaduais e municipais que também estabeleceram um dia de combate contra a homofobia:

Leis Estaduais - http://www.abglt.org.br/port/leis_homofobia.php

Lei 16636/2007 - Minas Gerais
Lei 3211/2007 Amazonas
Lei 7261/2009 - Pará
Lei 16659/2009 - Goiás
Lei 4374/2009 - Distrito Federal
Lei 9310/2009 - Espírito Santo
Lei 7901 - Paraíba

Leis Municipais

Lei 11144/2007 - Ribeirão Preto - SP
Lei 6257/2006 - Rio Grande - RS
Lei 5109/2007 - Rondonópolis - MT
Lei 12217/2007 - Curitiba - PR
Lei 4981/2007 - Cuiabá-MT
Lei 13285/2008 - Campinas - SP
Lei 4192/2007 - Itaúna-MG
Lei 6430/2009 - Joinville - SC
Lei 1300/2008 - Lauro de Freitas - BA
Lei 0540/2009 - Mesquita - RJ
Lei 3346/2007 - Francisco Beltrão - PR
Lei 5981/2009 - Natal - RN


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