quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Brasil tem um terço dos portadores de HIV da América Latina, diz ONU


UOL - 23.11.2010 - 17h21

Cerca de um terço dos portadores do vírus HIV na América Latina são brasileiros, segundo aponta um estudo sobre a epidemia global de Aids divulgado nesta terça-feira pela ONU.

A pesquisa, realizada pelo programa das Nações Unidas para a Aids (Unaids), também indica que 1,2 milhão de anos de vida de pacientes contaminados pelo HIV foram ganhos no Brasil entre 1996 e 2009, graças ao tratamento antirretroviral.

No entanto, segundo o estudo, a projeção do número de pessoas contaminadas com o vírus no Brasil cresceu nos últimos anos, ficando entre 460 mil e 810 mil pessoas em 2009, contra um mínimo de 380 mil e um máximo de 560 mil em 2001.

Entre 360 mil e 550 mil dos infectados com HIV no Brasil têm 15 anos ou mais, segundo informa o relatório. Já o número de mulheres adultas contaminadas no país em 2009 ficou entre 180 mil e 330 mil.

O número de mortes relacionadas à Aids no Brasil ficou entre 2 mil e 25 mil em 2009, contra um mínimo de 7,2 mil e um máximo de 24 mil em 2001. Já o número de novas infecções em 2009 se situou entre 18 mil e 70 mil.

A pesquisa indica ainda que o Brasil é um dos países de média e baixa renda com melhor situação em termo de prioridade de investimento para a prevenção do HIV. Entre zero e um, o país obteve uma nota 0,8 no índice.

A estimativa do número de infectados com o HIV nas Américas do Sul e Central cresceu pouco nos últimos anos, passando de algo entre 1 milhão e 1,3 milhão em 2001 para entre 1,2 milhão e 1,6 milhão em 2009.

Números globais

O número estimado de portadores do HIV em todo o mundo, segundo a Unaids, é de 33 milhões de pessoas. Em 2009, foram registrados 2,6 milhões de novos casos - uma redução de 19% em relação ao pico da epidemia, em 1999.

Já as mortes relacionadas à Aids no mundo ficaram em 1,8 milhão em 2009, uma queda em relação aos 2,1 milhões de 2004.

Segundo o estudo da ONU, o número de portadores do HIV com acesso a medicamentos antirretrovirais no mundo cresceu de 700 mil pessoas em 2004 para mais de 5 milhões em 2009.

A região da África subsaariana continua sendo a mais afetada pela epidemia no mundo. Estima-se que cerca de 70% das novas contaminações pelo vírus da Aids ocorram nesta parte do mundo.

O relatório considera que a epidemia global de Aids foi revertida e está em tendência de queda. A questão mais importante, para a Unaids, é atingir as metas de “zero discriminação, zero novas infecções pelo HIV e zero mortes relacionadas à Aids

domingo, 21 de novembro de 2010

Seminário Escola sem Homofobia


BRASÍLIA (Agência Câmara)
A Comissão de Legislação Participativa realiza na próxima terça-feira (23.11), às 13h30, o seminário “Escola Sem Homofobia”, com o objetivo de discutir o papel da escola na promoção do respeito à diversidade sexual no ambiente educacional.
A Agência Câmara vai transmitir o evento ao vivo e fazer sua cobertura jornalística em tempo real. Os leitores poderão encaminhar perguntas aos participantes do seminário pelo e-mail pergunte@camara.gov.br, com o campo assunto CLP. As perguntas serão encaminhadas aos deputados que integram a comissão, para que eles possam redirecioná-las aos convidados no momento do debate.
O seminário terá a presença de diversas autoridades, entre elas, o Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, André Lázaro, e o Presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (ABGLT), Toni Reis.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

PRECONCEITO FATAL - DISCRIMINAÇÃO LEVA JOVENS HOMOSSEXUAIS AO SUICÍDIO


Eduardo Knapp/ Folhapress

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

"Eu sempre fui o melhor em tudo", diz Geraldo*, 19. Aluno dedicado e filho comportado, o garoto entrou em crise quando descobriu que é gay. "Vi que não seria o melhor em alguma coisa", diz.
De tanto ouvir que sua vida estava errada, ele acreditou. Há um ano, injetou ar no braço, à espera da morte. Foi socorrido no hospital.
A história de Geraldo é semelhante à de quatro adolescentes norte-americanos que se mataram em setembro passado, alertando o país inteiro para um tipo de preconceito que pode ser fatal.
As mortes levaram o presidente Barack Obama a gravar um vídeo para o site It Gets Better (isso melhora, em português). A campanha (bit.ly/itgets) reúne depoimentos cuja mensagem é simples: ser gay não é errado.
Ainda assim, os homossexuais são uma minoria que sofre discriminação. Às vezes, a níveis insuportáveis.
Foi assim com o estudante de biologia Henrique Andrade, 21, que no dia 22 foi chamado de "bicha" durante uma comemoração de alunos da USP. "Falaram que eu estava manchando a festa." Ele levou chutes e socos.
"A homofobia está na sociedade e faz com que o gay ache que ele vale menos do que os outros", explica Lula Ramires, coordenador do Grupo Corsa (corsa.wikidot.com), que defende a diversidade sexual. A discriminação surge como ingrediente-chave nas pesquisas que apontam para a relação entre homossexualidade, juventude e suicídio.
O bullying pode causar o que os psicólogos chamam de "egodistonia" -alguém não gostar de como é.
"É um sofrimento muito grande se sentir fora da norma", diz Alexandre Saadeh, psiquiatra do Hospital das Clínicas. "A discriminação, para alguém que é humilhado em casa, por exemplo, pode se tornar insuportável."

PAIS & AMIGOS
A aceitação ou não dos pais é um fator de peso, segundo Miguel Perosa, professor de psicologia da PUC-SP.
"O jovem pode sentir que não pertence a esse mundo que o discrimina", afirma.
"Suicídio passa pela minha cabeça todos os dias, está cada vez mais difícil", desabafa o técnico em farmácia Caio*, 22. Demitido na semana passada, ele diz que foi dispensado porque é gay. Nos corredores, ouvia colegas o chamarem de "veado".
"Me faz querer dar um fim a isso", diz. "Eu respiro fundo, mas o pensamento é forte." Há três anos, ele tomou veneno. Mas sobreviveu.
Psicólogos recomendam que jovens com ideias suicidas busquem ajuda profissional imediatamente. Amigos devem ficar por perto.
Outra sugestão é procurar entidades como o GPH (Grupo de Pais de Homossexuais, www.gph.org.br), que faz reuniões quinzenais para ouvir jovens gays.
Apesar de nunca ter tentado se matar, Paulo Souza, 20, participou desses encontros.
Há quatro anos, ele perdeu o namorado e amigo de infância que, aos 19 anos, pulou do sétimo andar.
"Ele achava que não tinha futuro sendo gay", conta.
Sucesso e felicidade, no entanto, independem de orientação sexual.
Entre gays assumidos estão Ian McKellen, um dos mais premiados atores britânicos (o Gandalf de "O Senhor dos Anéis") e Klaus Wowereit, prefeito de Berlim.
O ator brasileiro e gay assumido Evandro Santo, 35, diz que nunca pensou em suicídio. Famoso pelo papel de Christian Pior no "Pânico na TV", ele foi expulso de casa quando era adolescente.
"Sobrevivi por um sentimento de vingança. Queria ficar vivo para as pessoas verem que eu seria famoso."

VAI MELHORAR
A organização do It Gets Better calcula que os vídeos da campanha já tenham sido vistos 15 milhões de vezes.
"Estamos decolando!", comemora o coordenador Scott Zumwalt, que trabalhou na campanha de Obama -e conseguiu a assinatura da republicana Laura Bush para a petição contra o bullying.
Segundo o Folhateen apurou, está sendo negociado um domínio brasileiro na internet para uma possível versão em português do site.

*Nome fictício
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